Se te sentasses comigo
Se te sentasses comigo num daqueles bancos de balanço dignos de um razoável filme americano, acho que não resistiria à velha e nada original tentação de te dar a mão, de a puxar para o meu repousado e morno regaço, e de brincar com os teus dedos, numa distração mal fingida, e começava então a contar-te como era bom ter-te ali por perto, e depois prolongava as minhas palavras de forma a que te soassem preguiçosas e lânguidas, e espraiava o meu corpo para que aquela luz crepuscular que partilhávamos sugerisse quenturas e fogos ateados. E é claro que, neste filme que teria um guião no mínimo criativo, tu não entenderias nada das minhas desajeitadas subtilezas e simplesmente adormecias no meu regaço, e eu aproveitaria a oportunidade de te acariciar os cabelos de forma lenta e leve, como se a brisa estivesse na ponta dos meus dedos, e deliciava-me com a visão do corpo de homem-menino que repousava no meu colo e me fazia sentir poderosa e protectora do meu amor. E como um fim belo é sempre o mais popular, acho que mansamente eu acabaria por ceder o meu tronco sobre o teu, deitar a minha cabeça no teu peito, e fechava os olhos para melhor sentir a música do teu coração esquecido de mim, e iria fazer um esforço na minha respiração para que o meu coração entrasse em completa sintonia com o teu, ambos num som uníssono. FIM
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